Este mês de dezembro revelou uma mudança no combate à inflação no Brasil. O Comitê de Política Monetária (COPOM) mudou sua estratégia optando por um choque de juros em lugar do que tínhamos anteriormente, um ciclo de aumento gradual da taxa básica de juros da economia.

Na reunião do dia 11, o COPOM subiu a taxa básica de juros em 1%, pouco acima das expectativas do mercado, mais próximas de 0,75% e mais do que vinha subindo nas reuniões anteriores, 0,5%. Além disso, o COPOM anunciou mais duas subidas de juros do mesmo tamanho nas próximas reuniões.

Com isso, o piso dos juros para 2025 deve ficar na casa de 14,25% ao ano. Isso porque, o cenário ficou pior. Diminuíram as incertezas e o que surgiu foi um cenário mais adverso. Tanto do ponto de vista internacional, com um dólar mais forte e um real mais fraco e com taxas de juros internacionais mais elevadas, em boa medida, a reação esperada à posição mais protecionista, da moeda e do comércio, de Donald Trump, nos EUA. Quanto do ponto de vista doméstico, ou principalmente por conta do cenário doméstico.

Isso porque, a inflação esperada, projetada no horizonte relevante de 1 ano e meio, continua acima da meta, mostrando a desancoragem das expectativas dos agentes. E a inflação corrente, que passou de uma desaceleração para uma aceleração. Os chamados núcleos da inflação - que medem a evolução dos preços descontadas as quedas e aumentos mais expressivos, de modo a refletir a trajetória sem choques pontuais - continuam acima da meta e em ascensão. Esses fatores levaram o Banco Central a essa mudança de postura e opção pelo choque.

Ademais, do ponto de vista fiscal, o pacote aprovado pelo Congresso Nacional, aparentemente, não será suficiente para garantir a trajetória do déficit primário - a diferença entre receitas e despesas não financeiras do governo. Isso e mais o aumento dos juros, que pressiona ainda mais a dívida, e teremos um aumento da relação dívida/PIB da economia.

Assim, ao longo de 2025, será preciso muito esforço do governo para colocar os gastos e a arrecadação em uma trajetória sustentável.